A Queda de Samaria: Conquista Assíria e o Fim do Reino do Norte
O mapa “Samaria e Israel Central” nos transporta para o coração do antigo Reino de Israel — o chamado Reino do Norte, que floresceu após a divisão do reino unido de Israel em dois, após a morte de Salomão. Essa região incluía cidades históricas como Samaria, Siquém, Tirza, e Dotã, situadas entre as colinas férteis de Efraim e Manassés.
O episódio mais marcante na história dessa região é a queda de Samaria em 722 a.C. diante do poderoso Império Assírio, um acontecimento que marcou o fim da autonomia política do Reino do Norte e resultou no exílio de dez tribos israelitas — o famoso desaparecimento das “Dez Tribos Perdidas de Israel”.
Samaria: Capital do Reino do Norte
A cidade de Samaria foi fundada por Onri, o sexto rei do Reino do Norte, por volta de 880 a.C., e estabelecida como nova capital em substituição a Tirza (1 Reis 16:23–24). Localizada sobre uma colina estratégica, Samaria se tornou símbolo de poder, influência e idolatria.
Seus sucessores, principalmente Acabe, expandiram a cidade com palácios e fortalezas. Acabe também firmou alianças internacionais, como o casamento com Jezabel, princesa fenícia, o que trouxe o culto a Baal para o centro da vida religiosa israelita, provocando o confronto com profetas como Elias e Eliseu.
Geopolítica de Israel Central
A região central de Israel, conforme o mapa, abrigava importantes rotas comerciais e cidades estratégicas:
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Siquém: Um centro religioso e político antigo, escolhido por Jeroboão como sede inicial.
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Dotã: Lugar onde José foi vendido por seus irmãos, e rota militar importante.
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Jezreel (ao norte de Samaria): Valiosa por sua planície agrícola e cenário de guerras.
O território montanhoso de Efraim e Manassés oferecia certa proteção natural, mas também criava isolamento, dificultando uma defesa unificada contra impérios crescentes como a Assíria.
O Contexto Histórico da Queda
Durante os séculos 9 e 8 a.C., o Reino do Norte passou por instabilidade política, idolatria e alianças desastrosas. Diversos reis subiram ao trono por meio de golpes. Enquanto isso, o Império Assírio, sob Tiglate-Pileser III, crescia em poder e agressividade militar, submetendo reinos vizinhos ao seu controle.
O último rei de Israel foi Oséias, que inicialmente aceitou ser vassalo da Assíria, mas depois tentou romper o pacto fazendo aliança com o Egito. Isso foi considerado traição por Salmaneser V, rei assírio, que cercou Samaria por três anos.
A Queda de Samaria (722 a.C.)
Segundo 2 Reis 17, após anos de cercos, a cidade de Samaria caiu por volta de 722 a.C., sob o rei assírio Sargão II, sucessor de Salmaneser. A cidade foi saqueada, a população deportada, e colônias de outros povos foram trazidas para repovoá-la.
Este foi um marco dramático na história bíblica. As dez tribos do norte — Efraim, Manassés, Issacar, Zebulom, Dã, Naftali, Aser, Gade, Rúben e Simeão — foram levadas ao exílio em lugares como Hala, Habor e as cidades dos medos. Elas jamais retornaram em massa, tornando-se conhecidas como as "Dez Tribos Perdidas".
Consequências Culturais e Religiosas
A Assíria instituiu uma política de reassentamento populacional, trazendo povos estrangeiros para habitar Samaria. Estes imigrantes adotaram uma forma sincrética de religião, misturando o culto a Javé com suas próprias divindades. Desse grupo emergiram os samaritanos, um povo que manteria tensas relações com os judeus durante séculos, incluindo nos tempos de Jesus.
Os profetas como Oséias e Amós haviam advertido contra a idolatria, a corrupção social e a confiança em alianças humanas. Suas palavras se cumpriram de forma trágica com a destruição do reino.
O Legado de Samaria na História Bíblica
Apesar de sua queda, Samaria permaneceu como uma cidade relevante:
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Foi reconstruída por Herodes, o Grande, e renomeada Sebaste.
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No Novo Testamento, Jesus passou por Samaria e conversou com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó (João 4).
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A tensão entre judeus e samaritanos reflete essa antiga história de mistura étnica e religiosa.
Geografia Histórica: Leitura do Mapa
O Mapa de Samaria e Israel Central mostra como a região era o núcleo político e religioso do Reino do Norte. Montanhas como Efraim ofereciam refúgio, mas não impediram a conquista assíria. As cidades da região revelam um tecido urbano complexo, com cultura israelita influenciada por povos vizinhos como fenícios, arameus e cananeus.
O mapa destaca ainda a distância de Samaria em relação a Jerusalém, símbolo do cisma que separou as duas nações israelitas após a morte de Salomão.
A queda de Samaria e a destruição do Reino do Norte em 722 a.C. marcam um dos momentos mais dolorosos e teologicamente carregados da história bíblica. A partir do mapa de Samaria e Israel Central, podemos visualizar as raízes profundas de uma sociedade que se afastou do pacto com Deus, sucumbiu à idolatria e terminou por ser levada ao exílio.
Esse episódio nos convida à reflexão sobre a importância da fidelidade, da justiça social e da confiança em Deus — temas centrais para os profetas e ainda relevantes hoje.
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