O Império Assírio sob Senaqueribe e o Cerco de Jerusalém (701 a.C.)
I. O Império Assírio no Século VIII-VII a.C.
O Império Assírio foi o maior e mais temido poder militar do Antigo Oriente Próximo durante os séculos IX–VII a.C. Seu apogeu ocorreu sob reis como Tiglate-Pileser III, Sargão II e seu filho Senaqueribe (reinado: 705–681 a.C.).
Durante o reinado de Senaqueribe, o império alcançou sua maior extensão e consolidou sua reputação de invencível. Os mapas históricos do Império Assírio sob Senaqueribe mostram:
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Um território que se estendia da Mesopotâmia (Assur, Nínive) até a Fenícia, Israel, Judá e partes do Egito.
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Vassalos e estados tributários em todo o Crescente Fértil.
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Campanhas militares registradas em detalhes em relevos e anais reais.
II. Contexto Geopolítico: Judá entre Impérios
Em 705 a.C., após a morte de Sargão II, muitos vassalos se rebelaram contra a Assíria, incluindo:
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Cidades da Fenícia.
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Reino de Judá, sob o rei Ezequias.
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Egito e Cuxe (Núbia), que apoiaram a resistência antiassíria.
Ezequias fortaleceu Jerusalém, construiu fortificações e preparou o sistema hídrico (o Túnel de Siloé), antecipando um confronto com Senaqueribe.
III. A Campanha de Senaqueribe na Palestina (701 a.C.)
1. Avanço Militar
Senaqueribe lançou uma grande campanha contra os rebeldes do oeste. Segundo seus próprios registros (o Prisma de Senaqueribe):
“Quanto a Ezequias, o judeu... cerquei 46 de suas cidades fortificadas... e tomei-as. Fiz ele se fechar como um pássaro em uma gaiola em Jerusalém.”
2. Conquista de Laquis
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Laquis, a segunda cidade mais importante de Judá, foi conquistada após intenso cerco.
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Relevos assírios encontrados em Nínive mostram a destruição de Laquis, com grande detalhe: aríetes, deportações, execuções.
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Laquis é considerada o maior exemplo arqueológico da brutalidade das campanhas assírias.
3. Cerco de Jerusalém
Apesar da vitória em Laquis, Senaqueribe não conquista Jerusalém. A Bíblia descreve um cerco interrompido por intervenção divina:
“Naquela noite saiu o anjo do Senhor e matou cento e oitenta e cinco mil no acampamento dos assírios…” (2 Reis 19:35)
Fontes assírias confirmam que Ezequias não foi deposto, mas pagou tributo pesado. Senaqueribe afirma que:
“Recebi dele 30 talentos de ouro, 800 talentos de prata... e muitos bens preciosos.”
Esse resultado é interpretado como um empate estratégico: Senaqueribe exibe sua vitória econômica, mas não conquista a capital judaica.
IV. Perspectivas Bíblica e Assíria
1. Bíblia Hebraica
O cerco aparece em 2 Reis 18–19, 2 Crônicas 32 e Isaías 36–37. A narrativa destaca:
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A confiança de Ezequias em Deus.
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O desafio do Rabsáque (mensageiro assírio).
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A oração de Ezequias no templo.
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A profecia de Isaías prometendo libertação.
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A destruição miraculosa do exército assírio.
2. Anais Assírios
O Prisma de Senaqueribe (hoje em Chicago e Londres) oferece uma perspectiva distinta:
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Retrata Ezequias como submisso.
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Lista os tributos como evidência de vitória.
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Evita mencionar a tomada de Jerusalém — sinal de que não houve conquista total.
V. Evidências Arqueológicas
1. Túnel de Ezequias (Siloé)
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Canal escavado sob Jerusalém para garantir acesso à água durante o cerco.
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A inscrição de Siloé, em hebraico paleo, foi descoberta em 1880, e descreve a escavação do túnel a partir de dois lados.
2. Relevos de Laquis
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Achados no palácio de Senaqueribe em Nínive.
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Mostram soldados assírios atacando, civis sendo levados em cativeiro e execuções públicas.
3. Prismas de Senaqueribe
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Três versões quase idênticas do relato da campanha de 701 a.C.
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Testemunham o domínio e propaganda política assíria.
VI. Consequências da Campanha
1. Para Judá
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Ezequias preserva Jerusalém, mas perde autonomia parcial.
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Judá é enfraquecido militarmente, mas espiritualmente fortalecido: o livramento de Jerusalém é interpretado como um sinal da proteção divina.
2. Para Senaqueribe
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Consolida controle sobre o Levante, mas não destrói Jerusalém.
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Morre assassinado por seus próprios filhos (2 Reis 19:37), um evento também confirmado por fontes assírias (Esar-Hadom sucede Senaqueribe).
VII. O Império nos Mapas: “Império Assírio sob Senaqueribe”
Em mapas históricos do tempo de Senaqueribe (701 a.C.), é possível visualizar:
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Capital: Nínive (futura capital imperial, onde Senaqueribe construiu um palácio magnífico).
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Províncias assírias: Síria, Samaria, Fenícia.
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Reinos vassalos e rebeldes: Judá, Tiro, Gaza, Amom, Edom.
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Campanha de 701 a.C.: rota assíria desde a Mesopotâmia até Laquis e Jerusalém.
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Cidades conquistadas: Ekrom, Asdode, Bete-Dagom, Jafa, Laquis.
VIII. Um Império Poderoso, um Deus Invisível
A campanha de Senaqueribe é um episódio fascinante de convergência entre arqueologia, história e fé. Ela mostra:
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A eficácia e brutalidade do militarismo assírio.
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A complexidade da política regional no Oriente Próximo.
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A sobrevivência de Jerusalém como um milagre teológico e histórico.
No mapa do “Império Assírio sob Senaqueribe”, o cerco de Jerusalém simboliza a tensão entre poder imperial e a fidelidade a Deus — um tema que ressoaria por séculos na tradição judaica e cristã.
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